Ir al contenido principal
Secretaria da Educação boicota a implantação do espanhol nas escolas do estado




Depois de decidir, tarde e de maneira atropelada e improvisada, incluir a língua espanhola no ensino médio a partir do segundo semestre, a Secretaria da Educação do estado de São Paulo que, como temos informado profusamente, não tinha dado nenhum passo em cinco anos para tanto, promove uma consulta aos alunos e pais para saber de quantos professores vai precisar. O mecanismo e os instrumentos da consulta, que conhecemos esta semana, deixam claro, mais uma vez, o porquê de tanta demora: o governo de São Paulo não quer saber de nada com a língua espanhola na grade.

Na reunião que, em 24 de fevereiro, a diretoria da APEESP teve com a coordenadora da CENP (órgão da Secretaria que hoje está a cargo da implantação do espanhol na grade), Valéria de Souza, sabendo que se planejava um levantamento sobre a demanda, uma das nossas principais exigências foi que esse levantamento fosse precedido por uma intensa divulgação, nas escolas e para os pais, das muitas vantagens práticas e concretas que aprender espanhol tem hoje para um jovem brasileiro. Aparentemente, era um ponto de acordo, praticamente o único, com a Secretaria. A APEESP prontificou-se a elaborar um texto para divulgação nas escolas, coisa que fez e enviou à CENP. A coordenadora da CENP e suas colaboradoras agradeceram todo o apoio que pudéssemos dar e se comprometeram a nos envolver no levantamento, que estaria sendo organizado por uma equipe de apoio de especialistas. Menos de um mês depois, ficamos sabendo que eram só palavras: o levantamento está em andamento, e intencionalmente desenhado para dar o pior resultado, para dar o resultado de que a comunidade “não quer” que os alunos tenham o espanhol como disciplina curricular.

Quem quiser, pode conferir no site http://coletalinguaespanhola.edunet.sp.gov.br/login.aspx, onde verá os formulários e as orientações para as diretorias de ensino. É dada a indicação de consultar na sala aos alunos e que os pais devam responder no dia seguinte, ou de realizar reuniões com os pais para consulta. Tudo antes de 31 de março, em meio a uma greve de professores, com as escolas semi-paralisadas. Não há nenhuma explicação que acompanhe a consulta, nada que sugira sequer por que seria interessante para o aluno cursar a disciplina. O formulário de “adesão” (é o nome que lhe é dado, como se fosse para uma causa ideológica e não para um componente curricular) é completamente ameaçador e desestimulante. Nada informa sobre qualquer conteúdo da disciplina, e o pai deve assinar, pelo aluno, o formulário, em que se afirma que o não cumprimento da disciplina pode acarretar “perda do direito em renovar minha matrícula em qualquer estágio do curso” ou “cercear a continuidade dos estudos no(s) semestre(s) subsequente(s).”

Essa ladainha burocrática é tudo que a CENP e seu grupo de especialistas tem para dizer sobre o significado de se estudar espanhol no estado mais populoso do país. A intenção é clara: continuar com o monolinguismo estabelecido por uma resolução de 2008 que burla a LDB e dizer publicamente que “a comunidade” optou pelo monolinguismo.

A APEESP não reconhecerá os resultados dessa consulta, que avaliamos como uma farsa, e que denunciaremos nos mesmos foros parlamentares e jurídicos em que estamos atuando. Somaremos o assunto aos que já tramitam em requerimentos de informação encaminhados por deputados, visando um questionamento integral da ação do governo estadual em relação às línguas estrangeiras na educação e, particularmente, à sua tentativa deliberada e sistemática de evitar a inclusão da língua espanhola na grade curricular.



Diretoria da APEESP.

Comentarios