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A importância do ensino da língua espanhola para nossos jovens

A importância do ensino da língua espanhola para nossos jovens
Maria Izabel Azevedo Noronha
(Presidenta da APEOESPMembro do Conselho Nacional de Educação)

Lamentável a decisão do Governo do Estado de São Paulo de não oferecer neste primeiro semestre a língua espanhola como disciplina obrigatória no ensino médio nas escolas estaduais, como prevê a lei 11.161/05, a qual estabelece que, em 2010, a língua espanhola deve ser de oferta obrigatória no ensino médio em todo o país. Na verdade, o governo estadual não tomou nenhuma medida nos cinco anos de vigência da lei.Tal decisão ignora por completo a importância da língua espanhola no atual contexto do Brasil no cenário latino americano e mundial. Hoje, o oferecimento da língua espanhola na formação de nossos jovens vai muito além do seu eventual desejo de dominar esta língua, mas é um instrumento que poderá permitir a abertura de novas perspectivas profissionais para milhares de estudantes da rede estadual de ensino.Apenas para citar alguns exemplos, é preciso lembrar que o Brasil retomou e intensificou relações com dezenas de países de língua da espanhola na América Latina; que o MERCOSUL se consolidou e vem se ampliando; que teremos, nos próximos anos, no Brasil, dois eventos de grande magnitude: a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. A demanda, portanto, por tradutores/intérpretes de língua espanhola tende a se ampliar, e muito.Além destes exemplos, há que se perceber que está ocorrendo uma profunda alteração na inserção brasileira no contexto internacional, o que torna o ensino da língua espanhola nas escolas públicas não um elemento isolado, mas parte integrante de um projeto de nação. Se, antes, apenas um bloco de nações ricas (o chamado G 8) determinava os rumos da política e da economia em todo o planeta, o Brasil teve um papel preponderante na criação de um novo bloco de nações, o G 20, que tem grande influência nas decisões mundiais (sobretudo após a eclosão da crise financeira internacional) e deve crescer ainda mais no próximo período.O governo de São Paulo comete grave erro ao adiar a implementação da lei 11.161/05. Mais uma vez, “empurra com a barriga” uma decisão importante e não se coloca à altura da responsabilidade de comandar o maior estado da federação, que deveria dar o exemplo em questão como esta. Não procede a alegação de que não há professores em número suficiente. É preciso abrir a demanda para que os professores se apresentem e para que se possam formar novos professores, de forma a suprir as necessidades da rede estadual.O que ocorre é que o Governo do Estado de São Paulo adota neste caso a mesma postura que teve em relação a outras leis federais, como no caso do ensino fundamental de nove anos. Adotado pelo governo federal como um grande avanço em termos educacionais e de inclusão social, pois permite a inserção antecipada no sistema escolar de milhões de crianças que não têm acesso ao ensino infantil, o ensino fundamental de nove anos foi negligenciado pelo governo paulista e implementado apenas no seu prazo limite. Isto representou um atraso para as crianças paulistas e um desrespeito a um direito assegurado em lei.A política curricular da Secretaria de Estado da Educação, como já denunciamos em muitas oportunidades, está muito longe de atender às necessidades e interesses de nossas crianças e jovens. No momento em que uma medida federal altera o currículo do ensino médio, oferece uma nova perspectiva para estes jovens, o governo de São Paulo cria obstáculos para que isto se torne realidade. Com que direito o faz? Com que objetivo?Na realidade, a língua espanhola, na prática, já é uma língua internacional. Somente a miopia de um governo preocupado com constantes disputas político-eleitorais não lhe permite ver esta realidade.A APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) luta pela imediata implementação do ensino de língua espanhola na rede estadual de ensino de São Paulo e vai trabalhar para articular todos os setores para exigir o cumprimento deste direito social, reivindicando e forçando o cumprimento da lei 11.161/05, já!

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